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Dia do Cinema

novembro 05, 2021PP Blog

 


Cinema Novo: um movimento de extrema importância para o cinema brasileiro

O dia 5 de novembro é uma data emblemática para os fãs do filme V de Vingança, entretanto, nesse mesmo dia comemora-se um evento importante para a indústria cinematográfica nacional: o dia do cinema brasileiro. Atualmente, esta data é comemorada em dois dias diferentes, primeiramente no dia 19 de junho, com o objetivo de homenagear os primeiros registros de imagem feitos em terras tropicais; já a segunda data é no dia 5 de novembro.  Segundo o site Calendarr a celebração surgiu a partir da inauguração da primeira exibição pública de cinema no país. Para comemorar esse dia, que tal relembrar de um movimento cinematográfico específico dos anos 60?

O Cinema Novo

Foi um movimento iniciado por jovens cineastas brasileiros que estavam fartos das produções antecedentes, especialmente porque possuíam caráter industrial.  Nesse sentido, inspirados por produções italianas e francesas, o objetivo dos cinemanovistas era produzir filmes de baixo orçamento, mas com forte crítica social. “Para eles, o novo filme brasileiro deveria ser eminentemente autoral e independente, e tratar, sem retoques, das nossas questões socioculturais (SABADIN, 2018)”. Tanto é que o lema dos integrantes do movimento era “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” e foi justamente isso que o jovem Nelson Pereira dos Santos fez. Em 1955, estreou Rio 40 Graus, que agradou ao público e, consequentemente, acabou inaugurando o Cinema Novo.

Alguns historiadores optaram por dividir o movimento cinematográfico em 3 fases, que serão apresentadas em seguida por uma questão de organização e didática.

 



Fases do Cinema Novo

A primeira fase é datada de 1960 a 1964, conhecida como estética da fome, pois relata a pobreza e miséria do campo. As narrativas se passam no sertão nordestino e retratam especificamente a dualidade entre as zonas urbana e rural passando por temas como a seca, o cangaço e a religiosidade como maneira de conformismo social. Desta época, as obras que destacam são:

O pagador de promessas, de Anselmo Duarte; Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos; Os fuzis, de Ruy Guerra e dois filmes de um dos diretores mais aclamados da época: Barravento e Deus e o Diabo na Terra do Sol de Glauber Rocha.

“Contra a sífilis, a dor de barriga e a queda de cabelos há quem recomende o mesmo remédio: a garrafada. E contra o analfabetismo? As doenças como os males sociais têm causas e é por desconhecê-las que se buscam remédios milagrosos, soluções absurdas. Apenas para escapar à realidade cujo peso nos obriga.”

Citação do curta-metragem Maioria Absoluta (1964) Leon Hirszman.

 

A segunda fase vai de 1964 a 1968, caracterizando o início da ditadura militar no país. Nesse contexto, os filmes ganharam um caráter ainda mais crítico sobre o governo e suas medidas totalitárias. Ao invés de falar sobre a miséria no campo, essa fase teve como foco principal os problemas urbanos, especialmente no Rio de Janeiro. Além disso, pautas trabalhistas e sindicais também são abordadas. As principais obras são:

O desafio, Paulo Cezar Saraceni; Bravo Guerreiro, Gustavo Dahl; Terra em transe, Glauber Rocha; A grande cidade, Cacá Diegues e Garota de Ipanema, Leon Hirszman.

 

Com a ascensão da ditadura e medidas cada vez mais brutas, a terceira fase do Cinema Novo se dá de 1968 a 1972, com influências modernas, tropicalistas e até mesmo antropofágicas. A grande pergunta era como lidar com a censura? E a partir dessas referências surgiram filmes como Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, e Como Era Gostoso O Meu Francês, de Nelson Pereira dos Santos. A ideia de desigualdade foi aos poucos deixando de ser representada e agora surge uma nova temática: a antropofagia. Usada como um paralelo para exemplificar a transição do Brasil colonial para a república e em seguida, ditadura. Assim, Celso Sabadin explica em seu livro A história do cinema para quem tem pressa, o fim do movimento:

Porém, o lema dos cinemanovistas, “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão”, não poderia mais ser levado adiante num país cujo governo militar não permitia ideias na cabeça. O recrudescimento da ditadura, a partir de 1968, inviabilizou um tipo de filme que se propunha a pensar, debater e discutir, decretando assim, a morte do Cinema Novo.”

O movimento se acaba de forma triste, mas é inegável a importância e relevância de suas obras e diretores para a constituição da cultura cinematográfica nacional nos dias de hoje.

 

Autoria: Ingrid de Andrade Rolim, aluna do 3º CV Integrado ao Ensino Médio.



Fontes de referência: 


SABADIN, C. A história do cinema para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2018.

YOUTUBE. O que foi o cinema novo? Disponível em: https://youtu.be/_1k8G1GymB0. Acesso em: 01 Nov. 2021.


CALENDARR. Dia do Cinema Brasileiro. Disponível em: https://www.calendarr.com/brasil/dia-do-cinema-brasileiro/ . Acesso em: 01 Nov. 2021.


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